Lembram-se na postagem sobre o In Your Honor, da Foo Fighters, sobre eu ter falado sobre minha primeira namorada ter me apresentado a banda? A realidade é que ela me apresentou a toneladas de bandas. Toneladas de bandas que na época me faziam rir da cara dela e perguntar coisas no estilo “que porcaria é essa?”, “sério, isso é música pra você?” ou “putz, você tem um problema com música, não?”.
Sim, eu era muito babaca.
Demais.
Muito mesmo. Se eu voltasse ao passado eu me daria mais do que só uma surra, eu me espancaria até criar vergonha na cara.
Até porque hoje em dia minha banda favorita é uma das que ela tão gentilmente me apresentou, junto com muitas outras tais como U2, Nickelback, Pearl Jam, Blur, Red Hot Chili Peppers, The Offspring... e mais algumas. Mas na época a favorita dela era a Coldplay.
E vamos e convenhamos que Coldplay não é (e nunca foi) uma banda de rock ‘n’ roll. Os caras são pop na veia. Mas pop bom. Bom pra cacete.
Mas eu não acreditava nisso na época. Já disse que era um asno musical e que qualquer coisa que não fosse uma das seis ou sete bandas de Heavy Metal que eu escutava era automaticamente tratada por mim como lixo.
Ela me mostrou algumas músicas dos dois discos que os caras tinham na época e eu dei risada. Anos mais tarde, quando a grande revolução musical de 2006 desfez a Maldição do Asno Metaleiro de Merda e me fez ver que existe coisa excelente além daquelas bandas das quais eu gostava (e como disse, gosto até hoje), eu fui atrás de muitas bandas. Uma delas, ironicamente ou não, foi a Coldplay.
Pra mim, assim como pra muita gente, música é clima. E Coldplay é uma música de climas pesados. Não necessariamente negativos, mas pesados. E este disco, é o melhor deles. Gosto muito do Parachutes e Viva La Vida é fodão, mas nada supera esse. Da época em que minha ex (onde quer que esteja) me gravou um cd, a primeira música que escutei dos caras foi desse disco:
“In My Place” é a segunda faixa do álbum e é demais. A banda toda compõe e as letras são... São demais. Sem brincadeira, Chris Martin e companhia fazem um trabalho genial com elas. São lindas. Escutar um disco deles é como escutar poesia musicada. Gosto demais quando letras parecem uma “conversa musical”, e os caras escrevem exatamente assim. “In My Place” é uma das minhas favoritas e gosto dela por todo o feeling, riff simples e porque a banda simplesmente toca. E ponto.
Outra que me agrada demais é “Clocks”. O piano, assim como em praticamente todo o trabalho da banda, marca uma presença colossal. Ela é uma música com um clima meio tenso (mesmo com a Rythms Del Mundo tendo tentado fazer um pouco diferente), mas ao mesmo tempo acho que ela faz qualquer um dar uma viajada. O cd inteiro é bom pra isso.
Mas voltando naquele lance de que falei sobre “conversa musical”, “Warning Sign” é (me perdoem) do car@#&$! Meu, o que é aquilo? Falar de Coldplay aqui talvez vá se tornar repetitivo, porque na boa, o que esses caras fazem de melhor são as letras. É sério, quando escuto aquele “And the truth is... I miss you... “ chega a me arrepiar. Perfeita.
Em “Politik” abrindo o disco acho que dá pra ter uma geral do que é a banda nesse disco. Tem um pouco de tudo ali, apesar de não achar a letra tãããããão complexa quanto as outras, mas o refrão é o que mais marca na cabeça (depois do de “Warning Sign”, claro). Outra que resume bem o que falei até agora é a da outra ponta do disco, “Amsterdam”. Ela tem lá seu início macabro, mas quando entram ali piano, voz e backing vocals, meus amigos... a coisa é bonita de se ouvir. A banda toda vai entrando aos poucos ali e ela encerra o disco como uma obra de arte mesmo.
O que eu não falei até agora são das músicas com o violão. A primeira a dar as caras é “God Put a Smile Upon Your Face” e ela é muito massa. Tudo bem que ela só tem o fundo do violão, mas ela começa só com ele e depois a guita dá sua excelente contribuição. A bateria entra ali só pra dar um embalo bom e no fim a música fica até “balançável” hehehe.
“Green Eyes”, bem... entra naquela onda de bater papo enquanto canta e parece ter sido uma música feita pra uma mulher (hey, lembrem, eu não faço lá muita pesquisa e qualquer dos meus comentários que pareça ingênuo É ingênuo de fato). Ela é provavelmente a mais simples do disco, mas com uma levada tranquilaça.
Mas a melhor dessas, de todas, é a que dá o título do álbum. “A Rush of Blood to the Head” tem o riff mais fim de filme de todas. Assim como descrevi “Bells of Freedom”, do Bon Jovi, esta é uma música que, se não está no final de nenhum filme, deveria estar. Eu consigo até imaginar como ficaria, mas nem descrevo. Posso acabar me desvirtuando demais do post.
Por fim, há mais duas músicas que me chamam realmente a atenção.
A primeira é “A Whisper”. Digamos que ela tenha um certo “peso moderado”. A composição não é exatamente no estilo das outras (e nem a harmonia, nem a melodia, nem nada). Até por ser uma música em um outro ritmo ela pareceria deslocada no disco, mas não de forma ruim. Ao vivo ela é realmente incrível e se não fosse a próxima da lista ser a minha preferida, eu colocaria o vídeo dela aqui.
Mas não tem nenhuma comparável à “The Scientist”:
Eu tenho sérios problemas com essa. É minha favorita da banda inteira. Mas evito escutar. A letra mexe comigo demais (e com mais um monte de gente, imagino). Mas escutar ela é obrigatório pra qualquer um que queira saber como é o disco todo. Se você leu o post, quer escutar uma música só pra conhecer, então pegue esta. Leia a letra, veja o vídeo e escute só ela durante todos os 5 minutos e 9 segundos que ela tem. Juro; poucas músicas no mundo tem uma profundidade tão foda quanto essa.
E o que é da banda? Eu não sei direito. Não sou exatamente um fã, apesar de ter os discos e escutar com uma certa freqüência. Eles com certeza exploraram ao máximo tudo o que o Viva La Vida trouxe. Lançaram EP’s e shows e o escambau e pra quem é como eu e gosta de ter tudo fica difícil comprar. Fizeram um show lindo ano passado e no fim das contas devem estar se empenhando ainda mais.
Longe de rumores de que a banda acabe (apesar de a formação ter sofrido uma ou duas modificações), Coldplay é o tipo de coisa que se deve escutar de quando em quando. Dar uma aliviada. Desabafada.
Eu preciso.
Vou ouvir mais algumas vezes.
Até mais, pessoal.