segunda-feira, 16 de agosto de 2010

28 - Grace - Jeff Buckley




Já há algum tempo eu ouvi falar sobre o Jeff Buckley.
Foi em uma época em que a MTV ainda tinha Top Tops interessantes (ultimamente anda um repeteco chato) e ele apareceu num tema foda: músicos que tinham tudo pra dar certo se não acontecesse alguma coisa estranha com eles.
O campeão daquele foi o Jeff. A história dele eu não sei direito mas sei que esse foi um cara que morreu na hora errada - sim, mais um morto do qual eu vou falar. Ele se afogou enquanto nadava em um rio, deixando a música pobre de algo que eu há muito tempo venho sentindo falta: VOCALISTA COM FEELING.
Se tem uma coisa que concordo com todo aquele povo chato "old school" é que antes os caras davam o suor e sangue por uma banda. Não tem como negar. Pega lá uma apresentação qualquer de um McFly da vida (banda que na minha opinião são só Backstreet Boys com instrumentos) e compara com isso:



Tudo bem que essa é uma versão de estúdio, mas nem se compara.
O vocal desse cara é uma das coisas mais fodas que esse mundo já perdeu. Emoção é o que me traz ouvir o disco do Jeff.

Existem duas razões simples pra eu falar do Grace:
1 - Era um cd que eu já tinha e só me dei ao luxo de escutar direito recentemente, quando me propus a ouvir os cds que eu tenho ao invés de só comprá-los pela música que gostei (ainda tem alguns que estão nesse estado); e
2 - Dos discos dele esse foi o que eu tive acesso mais facilmente. Os outros eram difíceis até de encontrar pra baixar (mas recentemente fiz minha busca power e encontrei três lugares diferentes aonde posso... hã... escutar eles com mais facilidade)...

Sim, eu fui um cara piegas que conheceu o Jeff por "Hallelujah". Escutei ela em um filme e gostei, procurei o intérprete (e, porra, como tem gente que canta essa música!) e o Jeff foi o que eu mais gostei. Não sei porque. Mesmo a música não é dos meus estilos favoritos. Mas algo no timbre de voz desse cara me fez mudar um pouco de opinião. Gostei da música, procurei pelo cd e encomendei o Grace.
Escutei "Hallelujah" e "Grace", porque era a música título e disse "nossa, como ele é legal".
"Grace", do clipe ali em cima, tem mais feeling que muita coisa que eu já ouvi. Só não curto muito os backing vocals no refrão... Chega uma hora que fica meio repetitivo. Mas o que ele canta é demais.

Aliás, esse é um cara tão fodão que dá pra escutá-lo sem instrumental nenhum e aproveitar o que ele passa. Na música de abertura do Live at Sin-é ele canta só com a palma e o pé batendo pra acompanhar (e é foda demais) "Be Your Husband" e não precisava de mais nada. A música é inteira boa só pela voz do cidadão.

Mas voltando ao Grace, temos "Mojo Pin" pra abrir o cd de forma quase discreta. A música vai evoluindo de uma forma tão suave que você nem percebe quando já está no fim dela escutando aquela levada de guitarra e bateria únicas que levam direto à "Grace" que já comentei ali por cima.
"Lilac Wine" tem um feeling que eu diria que é só dela. Ela começa meio tensa e depois descarrega todo um ritmo leve e tranquilo. Gosto da letra também (o que não deixa a desejar na qualidade nas composições do disco - apesar de essa ele não ter escrito).
Passo um pouco adiante no cd (já que já dei minhas impressões sobre "Hallelujah") pra falar de "Eternal Life". Essa é praquele tipo de gente interessada no que o cara sabe fazer de pesado. E isso que a versão do Grace ainda é levinha. Baixei o EP com o nome da música e a "Road Version" dela é dos grunges mais destruidores que eu já vi. O cara dá um hadouken em quem chama ele de músico de baladinha com essa.
Acho "Dream Brother" meio macabrona na real, mas é boa pra cacete. Ela tem todo um clima estranho, mas gosto muito dela. Acho que aquele refrão fecha bem o disco, de maneira sutil e sem exageros.

Eis que eu gostaria então de comentar a melhor música do disco, da autoria do próprio Jeff Buckley e que, na minha humilde opinião, é dona de uma das letras mais bonitas que já tive a oportunidade de escutar em uma canção.
Escuto ela e me transporto diretamente pra uma situação só minha.
Eu estou falando dessa aqui:



Disparada, a minha música favorita do cd, "Lover, You Should've Come Over" é a obra prima do disco.
Com personalidade, letra bem escrita, a emoção da qual eu tanto falei lá por cima e essa melodia, eu dou qualquer coisa pra escutar essa música e todas as outras mil versões dela dos outros discos quantas vezes forem necessárias até eu enjoar (e como raramente eu enjôo de músicas, isso significa muito tempo).
Sério, não canso de escutá-la e não pretendo parar tão cedo.

Infelizmente como eu comentei, Jeff Buckley faleceu antes da virada do século por um afogamento. É difícil ouvir falar qualquer coisa sobre ele nos dias de hoje (e ainda me admiro em ver fãs dele comentando o trabalho do cara; ser fã é isso ae) e por isso que resolvi colocar ele por aqui no Zumbidos.
Se puderem escutem tudo desse cara, porque vale muito a pena.

(Porra, que música foda, eu não me conformo...)
Vou nessa.
Curtam o cara.

sábado, 7 de agosto de 2010

27 - Audioslave (Selftitle)


"Cara chato, só fica falando de banda morta".

Mais respeito; essa é A banda morta.
Como aconteceu com muitas banda sobre as quais eu escrevi, eu não gostava de Audioslave. Nenhum motivo especial, além de não fazer a mínima idéia de que ela existia.
Na verdade, só fui conhecê-la por acaso.
Na primeira banda que montei na vida havia um guitarrista que é meu amigo até hoje (grande Toni!). Estávamos tirando uma porrada de músicas na época (tá, nem eram tantas assim) e estávamos com um repertório razoável. Então ele me olhou e perguntou se eu conhecia uma tal de "Cochise". Eu disse que não e então ele, muito solícito me mandou esse vídeo:



À primeira vista eu não curti. Mas só porque ouvi muito baixo. Porque quando ouvi ela no volume certo eu vi o quanto a banda era boa.
Fui atrás de material da banda (isso em 2008 - cara atrasado eu!) só pra descobrir que após três álbuns a banda se extinguiu.
Não pretendo ficar aqui naquela melação safada de dizer que a banda era um supergrupo, ex-Soundgarden com ex-Rage Against the Machine, entrosamento e blá-blá-blá...
Isso todo mundo sabe (pra quem não sabe essa é a hora de ir na comunidade de discografias e baixar os três álbuns dos caras).
Escutei muitas vezes os três álbuns e apesar de gostar de todos, cada um com sua peculiaridade, acho que nenhum supera o primeiro.
Não por causa daquele conservadorismo safado que alguns fãs tem de sempre achar que o primeiro álbum é melhor e que tudo o que vem depois é bosta; mas porque o primeiro álbum é, sem rodeios, do c@ralho!
A começar pela "Cochise", claro! Acho que poucas músicas de pouquíssimas bandas abrem tão bem um disco quanto ela. O começo com aquela bateria só pra dar uma expectativa, seguida pela guitarra, baixo e juntando tudo isso um vocal alucinante com um riff simplesmente demais.
E então há de se pensar: nossa, com uma música destruidora dessas, a segunda deve ser levinha...
Eis que "Show Me How to Live" dá sequência à mais uma paulada na cara. Com um vocal (como se fosse possível) ainda mais fodão, aquele refrão é de deixar no chinelo qualquer um que pense que Chris Cornell se resumia a ser um cara foda só no Soundgarden. O cara mostra poder nesse refrão.
Em "Gasoline" eu acho que ele exagera um pouco, mas a música é massa do mesmo jeito e ali o Morello parece saber usar um delay como ninguém mais. Aliás, mencionei até agora só o Chris Cornell, mas na real a banda inteira é muito foda. Acho que a guita do Morello tem mais personalidade nesse primeiro cd do que nos outros. Me parece que aqui ele era mais criativo e mandava ver em solos e tudo mais. Nos outros ele me pareceu mais preocupado em sustentar riffs e fazer "coisinhas mais bonitinhas" (sendo bem esdrúxulo mesmo). Não que os outros discos sejam ruins, nada disso. Mas não há mais personalidade em matéria de guitarra e voz do que nesse.
Ainda numa levada pesadona temos "What You Are" que começa em ritmo fraquinho e vai aumentando até um refrão matador.

"Thomas, o que você quer dizer com refrão matador?"

Eu explico: é um tipo de refrão que faz a música valer a pena, entende. Por exemplo, acho "Slither" do Velvet Revolver uma música extremamente broxante. Ela começa com uma promessa de ser a música mais foda que você vai ouvir naquele disco (o Contraband) e chega com um refrão pobre, sem graça e sem nada. Sonho dos guitarristas, pesadelo de quem espera uma música decente (mas o resto do Contraband inteiro é bom).

Mas enfim, "Set It Off" é uma música que começa com o Morello apavorando nos solos alienígenas que só ele sabe fazer. É uma música boa, junto com "Shadow of the Sun", e ambas complementam o conjunto das músicas ultra fodásticas do disco. "Shadow of the Sun" tem até um gutural do Chris Cornell que vale a pena escutar.
E fechando essa leva ainda temos "Light My Way". Ela é simples, mas gosto dela. Não tem frescura e tem a cara de todo mundo da banda. Quer dizer, dá pra escutar os instrumentos todos e cada um parece ser bem a cara dos músicos.

"Tá, mas esses caras só escrevem música pesada?"

Não, pra mim banda que se preza tem que ter baladinhas e o Audioslave não deixa barato.
Lá pela metade do cd temos "I Am the Highway" que, além de melodia, tem uma letra excelente. Acho que é uma das letras mais legais da banda e apesar de não ser um épico, é muito boa.
"Getaway Car" e "The Last Remaining Light" fecham o disco com um feeling inigualável. Acho que quem escuta o disco até o fim tem a impressão de que o Audioslave é uma banda bem completa, só por esse fechamento.
Mas como falar de baladinhas sem mencionar esse clássico aqui:



"Like a Stone" tem feeling, letra e qualidade suficientes pra ter um disco só dela.
Há quem vá dizer que a música nem é tudo isso (e eu até concordaria em outras épocas), mas pra quem pensa assim eu digo: escute no momento certo. Aliás, como muitas músicas e bandas, essa é uma pra se escutar em um momento certo. Comendo no Burguer King, por exemplo, não é a melhor ocasião.
É minha música preferida do disco e ganhou pontos comigo desde que a escutei pela primeira vez.

"Tá, e por onde anda o Audioslave?"

Infelizmente o que começou como uma banda dos sonhos terminou como se fosse um pesadelinho chato. O Chris Cornell teve um ataque de estrelismo (porra, esse cara não aprende que não presta pra trabalho solo!) e saiu da banda. E o resto? Chupou o dedo? Nada, os caras voltaram com o Zack de La Rocha e estão por aí fazendo uma sonzeira massa com o Rage Against the Machine (que inclusive vem ao Brasil, comprometendo meu salário significativamente).
O Cornell lançou o Carry On logo após sua saída da banda e não foi um disco ruim. Mas quando escutei o Scream tive vontade de nem ouvir mais falar do cara enquanto ele não arrumar uma banda. Há quem tenha gostado, mas pra evitar conflitos eu sou apenas da opinião de que o disco não é bom e só.

Agora é só ouvir o que os caras deixaram pra nós e curtir a vida.
Se aparecer uma banda do nível deles eu estarei a postos pra ouvir.
Adios