sábado, 7 de agosto de 2010

27 - Audioslave (Selftitle)


"Cara chato, só fica falando de banda morta".

Mais respeito; essa é A banda morta.
Como aconteceu com muitas banda sobre as quais eu escrevi, eu não gostava de Audioslave. Nenhum motivo especial, além de não fazer a mínima idéia de que ela existia.
Na verdade, só fui conhecê-la por acaso.
Na primeira banda que montei na vida havia um guitarrista que é meu amigo até hoje (grande Toni!). Estávamos tirando uma porrada de músicas na época (tá, nem eram tantas assim) e estávamos com um repertório razoável. Então ele me olhou e perguntou se eu conhecia uma tal de "Cochise". Eu disse que não e então ele, muito solícito me mandou esse vídeo:



À primeira vista eu não curti. Mas só porque ouvi muito baixo. Porque quando ouvi ela no volume certo eu vi o quanto a banda era boa.
Fui atrás de material da banda (isso em 2008 - cara atrasado eu!) só pra descobrir que após três álbuns a banda se extinguiu.
Não pretendo ficar aqui naquela melação safada de dizer que a banda era um supergrupo, ex-Soundgarden com ex-Rage Against the Machine, entrosamento e blá-blá-blá...
Isso todo mundo sabe (pra quem não sabe essa é a hora de ir na comunidade de discografias e baixar os três álbuns dos caras).
Escutei muitas vezes os três álbuns e apesar de gostar de todos, cada um com sua peculiaridade, acho que nenhum supera o primeiro.
Não por causa daquele conservadorismo safado que alguns fãs tem de sempre achar que o primeiro álbum é melhor e que tudo o que vem depois é bosta; mas porque o primeiro álbum é, sem rodeios, do c@ralho!
A começar pela "Cochise", claro! Acho que poucas músicas de pouquíssimas bandas abrem tão bem um disco quanto ela. O começo com aquela bateria só pra dar uma expectativa, seguida pela guitarra, baixo e juntando tudo isso um vocal alucinante com um riff simplesmente demais.
E então há de se pensar: nossa, com uma música destruidora dessas, a segunda deve ser levinha...
Eis que "Show Me How to Live" dá sequência à mais uma paulada na cara. Com um vocal (como se fosse possível) ainda mais fodão, aquele refrão é de deixar no chinelo qualquer um que pense que Chris Cornell se resumia a ser um cara foda só no Soundgarden. O cara mostra poder nesse refrão.
Em "Gasoline" eu acho que ele exagera um pouco, mas a música é massa do mesmo jeito e ali o Morello parece saber usar um delay como ninguém mais. Aliás, mencionei até agora só o Chris Cornell, mas na real a banda inteira é muito foda. Acho que a guita do Morello tem mais personalidade nesse primeiro cd do que nos outros. Me parece que aqui ele era mais criativo e mandava ver em solos e tudo mais. Nos outros ele me pareceu mais preocupado em sustentar riffs e fazer "coisinhas mais bonitinhas" (sendo bem esdrúxulo mesmo). Não que os outros discos sejam ruins, nada disso. Mas não há mais personalidade em matéria de guitarra e voz do que nesse.
Ainda numa levada pesadona temos "What You Are" que começa em ritmo fraquinho e vai aumentando até um refrão matador.

"Thomas, o que você quer dizer com refrão matador?"

Eu explico: é um tipo de refrão que faz a música valer a pena, entende. Por exemplo, acho "Slither" do Velvet Revolver uma música extremamente broxante. Ela começa com uma promessa de ser a música mais foda que você vai ouvir naquele disco (o Contraband) e chega com um refrão pobre, sem graça e sem nada. Sonho dos guitarristas, pesadelo de quem espera uma música decente (mas o resto do Contraband inteiro é bom).

Mas enfim, "Set It Off" é uma música que começa com o Morello apavorando nos solos alienígenas que só ele sabe fazer. É uma música boa, junto com "Shadow of the Sun", e ambas complementam o conjunto das músicas ultra fodásticas do disco. "Shadow of the Sun" tem até um gutural do Chris Cornell que vale a pena escutar.
E fechando essa leva ainda temos "Light My Way". Ela é simples, mas gosto dela. Não tem frescura e tem a cara de todo mundo da banda. Quer dizer, dá pra escutar os instrumentos todos e cada um parece ser bem a cara dos músicos.

"Tá, mas esses caras só escrevem música pesada?"

Não, pra mim banda que se preza tem que ter baladinhas e o Audioslave não deixa barato.
Lá pela metade do cd temos "I Am the Highway" que, além de melodia, tem uma letra excelente. Acho que é uma das letras mais legais da banda e apesar de não ser um épico, é muito boa.
"Getaway Car" e "The Last Remaining Light" fecham o disco com um feeling inigualável. Acho que quem escuta o disco até o fim tem a impressão de que o Audioslave é uma banda bem completa, só por esse fechamento.
Mas como falar de baladinhas sem mencionar esse clássico aqui:



"Like a Stone" tem feeling, letra e qualidade suficientes pra ter um disco só dela.
Há quem vá dizer que a música nem é tudo isso (e eu até concordaria em outras épocas), mas pra quem pensa assim eu digo: escute no momento certo. Aliás, como muitas músicas e bandas, essa é uma pra se escutar em um momento certo. Comendo no Burguer King, por exemplo, não é a melhor ocasião.
É minha música preferida do disco e ganhou pontos comigo desde que a escutei pela primeira vez.

"Tá, e por onde anda o Audioslave?"

Infelizmente o que começou como uma banda dos sonhos terminou como se fosse um pesadelinho chato. O Chris Cornell teve um ataque de estrelismo (porra, esse cara não aprende que não presta pra trabalho solo!) e saiu da banda. E o resto? Chupou o dedo? Nada, os caras voltaram com o Zack de La Rocha e estão por aí fazendo uma sonzeira massa com o Rage Against the Machine (que inclusive vem ao Brasil, comprometendo meu salário significativamente).
O Cornell lançou o Carry On logo após sua saída da banda e não foi um disco ruim. Mas quando escutei o Scream tive vontade de nem ouvir mais falar do cara enquanto ele não arrumar uma banda. Há quem tenha gostado, mas pra evitar conflitos eu sou apenas da opinião de que o disco não é bom e só.

Agora é só ouvir o que os caras deixaram pra nós e curtir a vida.
Se aparecer uma banda do nível deles eu estarei a postos pra ouvir.
Adios

3 comentários:

  1. Caramba

    vc sabe mesmo descrever uma banda, hehe

    Não deixou passar nada, parabéns. Audioslave foi muito boa enquanto durou. Eu me lembro de ter ouvido "Show me how to live" no TVZ do Multishow quando eu tinha uns 15 anos, a partir daí que não parei mais de ouvir.

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  2. Cara, escuto audioslave desde o seu surgimento, concordo plenamente com o q disses-te. Na minha opinião, a melhor banda da ultima decada. Tanto eh, que seguidamente escuto os tres cds, pois ambos saum figurihas permanente no meu mp3.

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  3. "Show Me How to Live" é de levantar defunto véio!
    Eu lembro que assisti um show solo do Chris Cornell uma vez logo depois do fim do Audioslave e pré lançamento do Carry On e o cara cantou ela de um jeito muito fodão.
    Me ganhou na hora, o maldito.

    É, somos dois com os três discos no MP3.
    Putz, se o primeiro álbum tivesse "Man or Animal", seria meu álbum de banda favorito.
    Aquela música é foda demais!

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