terça-feira, 24 de maio de 2011

47 - The House that Dirt Built - The Heavy



Se você dá valor à sua sanidade
Não entre na casa!
Se você acredita no mal
Não entre na casa!
Porque as pessoas que vivem lá
Não são mais...pessoas
Não entre na casa!
Mas se você entrar, heheh
Não diga que não avisamos você...

Essa introdução macabrassa, estilo filmes de terror trash antigo, vem da música de abertura deste disco surpreendentemente incrível de mais uma banda desconhecida pelas massas que eu tive o prazer de escutar.
Eu gosto MUITO quando alguém me indica uma banda que eu não conheço. Adoro ir atrás de material da banda, escutar as músicas e poder dizer quais delas eu achei bacanas, se o grupo é bacana e comparar estilos, timbres e mais qualquer outra coisa musical.

Eu conheci a The Heavy através de um dos meus alunos, o Adam. Ele se sente feliz até hoje por ter me apresentado uma banda que eu não conhecia (mais ou menos a mesma sensação que eu desfruto quando conheço uma banda que o Rafinha não conhece hehehe), mas eu me sinto mais feliz ainda por ter acreditado nele e ter baixado escutado os dois discos dos caras. Apesar do estilo ter se mantido o mesmo em ambos, eu gostei mais do The House That Dirt Built por ele soar macabrão. Mas não aquele macabro do Gramunha, como a Dead Weather. Eu sei lá, ele é um macabro legal. Eu dou muita risada escutando esse cd e nem sei o por que.

"Talvez porque você seja bobo".

É, talvez.

Hehehehe.

A banda tem pouco material e o fato de ela ser tão pouco conhecida torna ainda mais difícil encontrar vídeos, imagens e músicas. Mas eu sou um herói e achei coisa (porque fuçar na internet vale a pena e às vezes é mais simples do que imaginamos).

Uma coisa é importante deixar clara: eles não tocam Rock. O estilo deles é uma mistura de funk (o true, do tio James Brown; não aquela bosta que insiste em atrapalhar meu ideal de mundo perfeito), com Rock das antigas, um pouco de Pop e uma pitada de Soul (e um toque de Blues). Com o vocalista negão ultra foda deles não podia ser diferente. E se fosse diferente não seria tão bom.



As músicas tem, apesar do clima pesado e sinistro, um trabalho excelentemente bem feito. Todas elas são mais do que só boas pra pirar e dançar e tudo mais. Elas são bonitas, musicalmente falando. “Short Change Hero”, por exemplo, é uma que poderia entrar em um filme do Tarantino fácil, fácil. Todo aquele clima de chuva, violãozinho estilo pistoleirão, tambor criando um ambiente tenso... É alucinante de ouvir. Se você é alguém de mente criativa, escutar este álbum pode atiçar sua imaginação a níveis Klaxônicos. Mas diferente das sensações de se escutar a psicodelia superliminar (sim, superliminar) da Klaxons, ouvir a The Heavy faz você pensar em histórias, situações... O exemplo se encontra aqui, neste post, comigo começando a devanear. Mas é lindo.

Como se saísse de um rádio, “Love Like That” tem seu jeitão tranqüilo e sutil de fazer a mesma coisa. Todos os ruídos, backing vocals e a forma animal como ela emenda com “What You Want Me to Do?” fazem de ambas provavelmente das melhores combinações do disco todo. A primeira toda happy com uma letra de pé na bunda muito da legal, parecendo até música de propaganda de refrigerante decente (Pepsi, por exemplo), enquanto “What You Want Me to Do?” já tem uma levada que, com a distorção certa, vira um Rage Against the Machine, hehehehe... Brincadeiras à parte, o peso dela cresce muito e esse vocalista... O cara canta demais! Sério, o cara apavora num dos timbres mais únicos (e bem usados) que já tive o prazer de escutar. Tem no gogó todas as misturas musicais das quais eu falei ali em cima.

Falando de peso, acho que uma que mistura de uma maneira interessante os dois elementos que eu mencionei ali em cima é “No Time”. Ela é uma música que eu chamaria de “direta”. Ela não tem introduções longas ou crescentes vocais. É porrada na cara do começo ao fim e rola até um trompete ali no meio fazendo firula. Animal! Trompetes também fazem (junto com as guitarras) o riff de “How You Like Me Now?”. Das que eu curto ela é quase minha favorita da banda e tem pegada, estilo e se prestar bem atenção no som, dá a impressão de que ela não teve os instrumentos mixados; de certa forma é como se a banda estivesse toda reunida numa sala do estúdio fazendo o som.

A que mais “foge” (o que é estranho dizer, porque no fim o disco tem uma personalidade incrível, a despeito dos mil estilos presentes) do conceito do álbum é “Cause for Alarm” que é um reggaezinho massa pra escutar. Lembra bastante coisa de raiz mesmo e se tivesse escutado ela como primeira música da banda, certamente eu iria crer que eles eram da Jamaica ou algo assim. Mas ela é muito legal. Gosto também de “Long Way from Home” que me faz pensar em “People Are Strange” da Doors, pelo baixo ali no começo e pelo teclado genial ali no meio.

“Sixteen” te transporta pros anos 50/60 fácil, fácil. Pelo estilo puramente fodão da música toda. Trombone, ritmo e backing vocals prolongando aquele refrão (“Sixteeeeeeeen!”) fazem dela única no cd. Escutando ela aqui eu começo até a enxergar carros antigos, mundo em preto e branco e tudo mais.
A segunda mais “Fuck Yea” do disco na minha sincera opinião é “Walk”. Usual de ser lido nos meus posts, “bandas boas tem baladinhas boas”. Essa é walk. Ela é lenta na medida, não tem frescura e mesmo com o refrão extremamente simples, ela consegue a façanha de ter feeling dos melhores. Se os caras pudessem fazer mais clipes (sério, eles tem uns 4 no máximo), um TERIA que ser dela. Letra, feeling... Tudo!

Só perde pra que abre o disco:



Quando escuto ela eu penso muito também nos tempos mais antigões e tudo mais, mas ela é ultraempolgante! Das do álbum todo ela é a mais forte. Aqui as mulheres que fazem backing vocals começam seu show, o Kelvin Swaby dá seus berrões hiper fodas, a música tem todo o espírito mesclado de um bom rock antigão com blues (que é todo o espírito de rock antigão, afinal) e, sério... O nome dela é MUITO legal hehehehe.

Esse, assim como muitos outros, é um disco pra ser escutado no talo. O primeiro da banda, O Great Vengeance and Furious Fire, é tão bom quanto este e se posso lamentar algo sobre a banda é que ela tem apenas dois discos lançados e não é quase nada conhecida. De resto, os caras fazem música como ninguém e esse é o meu vocalista negão favorito de hoje em diante! Vá ter versatilidade assim lá na p... Na boa, o cara canta demais e faz da voz e do estilo uma marca forte.

Assim como é difícil achar material sobre a banda, notícias são raras mesmo através de Twitter e a possibilidade de vê-los por aqui é baixíssima. Mas faça como eu: alugue uns filmes, pegue bons fones e escute o que puder. Vale a pena. Demais.

Fui, folks!

terça-feira, 10 de maio de 2011

46 - Contraband - Velvet Revolver



Desde muito tempo eu tenho mencionado a Velvet Revolver aqui no blog.
E, de fato, eu curto muito os caras.
Acho que das bandas de macho que surgiram em meados de 2000, essa é provavelmente uma das mais fodas. E nem vou falar aqui (como não falei da Audioslave) sobre aquele papo piegas de “supergrupo”, “reunião mágica de músicos ultrapowerhightech”, etc, etc, blá-blá-blá... Ao invés disso, quero que todo mundo saiba o quanto essa banda me deixou feliz enquanto durou/ dura.

Rock 'n' Roll na veia, talento fudidão, músicos de primeira e Vontade. Vontade faz sempre a diferença. Fazer um disco com Vontade é certeza de ganhar fãs, apesar de não achar que caras de bandinhas coloridas tenham essa Vontade toda... Mas eu quando escutei a banda pela primeira vez me assustei com o nivel de qualidade do som. Sim, senhores, porque a banda é uma máquina destruidora de foda de tão bom que é o som que eles fazem.

Foi num dia como outro qualquer, mas quem me mostrou a banda foi um camarada meu, chamado Tony. Ele tocou comigo na primeira banda que eu tive (acho que já mencionei ele aqui no blog antes, na real) e um dia na casa dele entre macarrão, coca cola, futebol na TV e violões ele me perguntou se eu já tinha ouvido falar dos caras. Eu disse que não. Ele perguntou se eu conhecia Stone Temple Pilots. Eu disse que não, de novo. Ele perguntou com sangue no olho se eu conhecia o Guns 'n' Roses. Esse eu disse que sim, mas que só curtia o Slash e algumas músicas. Daí ele disse: saca só:



"Fall to Pieces" tem uma das letras de baladinha enrustida mais fodas do mundo. Me lembra beeeeeem vagamente o estilo de letra de "Creep", da STP, mas aqui a coisa é bem mais hard rock e aquele solo do Slash ali é feeling que transborda! Demais, demais, demais. Aliás, as baladinhas do disco são muito animais.
Tudo bem que baladinha MESMO é só "Loving the Alien". Ela é toda levinha, tranquila pra se escutar e voar longe. A letra é das já conhecidas "vamos bater um papo cantando" que eu tanto gosto e escutá-la, tocá-la, cantá-la ou qualquer coisa do gênero faz um bem colossal. Só acho estranho aquele lance fumado de "I never noticed how lovely were the aliens" (ou "eu não havia notado quão amáveis eram os aliens" - ??? - em uma tradução não exatamente literal).
Fechando o trio lentinho "You Got No Right" é a mais pesada. Musicalmente falando, claro. A letra dela (sim, pra mim, baladinha boa = letra boa) é muito massa e extremamente simples. O jogo de vocais ali é bonito de se ouvir e ficou bem encaixada ali no disco. Por mim, inclusive, as três ficaram muito bem colocadas.

Mas o Contraband não é meu disco favorito, dos dois deles, por ter baladinhas. O lance do Velvet é fazer rock de macho!
E, tudo bem, o Libertad tem coisas ótimas, mas não aguenta três minutos de porrada com o Contraband.
Tipo, vou começar pelas mais "susses" (vulgo, o que vem antes de "Fall to Pieces"):

"Do It for the Kids" é a segunda música do disco e já começa com uma meia lua+soco forte (Hadouken, para leigos). Ela pega o final da primeira e emenda só com aquele vocalzão berrando aquele "Went too fast I'm out of luck and I don't even give a fuck!!!". Tudo bem que o refrão não é o dos mais legais (não pelo menos até começar a aparecer essa frase do começo no final dele). E emendando com ela, "Big Machine" tem acho que a melodia vocal das mais legais do album, desde o timbre vocal até a melodia dela. Mais solos fodões e mais peso. Só alegrias. Numa levada que parece uma só, "Illegal i Song" forma uma espécie de medleyzinho e confesso que de todas as mais pesadas esta é a que menos me agrada. Acho que ela é pobrinha e o que eu realmente curto nela é aquele final escrachadamente gritado. Sério, ali o Scott bota o gogó no talo+drive+grito atômico e fica demais! Sério, quando acharem um novo vocal quero ver o cara fazer igualzinho hehehehe (o mais chato).
E fechando esse "Lado A" do disco (lado comprido, não?) tem "Spectacle". Seguindo a linha do Velvet Revolver desde que você colocou aí seus fones de ouvido no talo, não faltam solos Sláshicos, vocais sobrepostos e mais gritaria ultrafodástica do Scott. Eu curto muito o riff dela e nem sei por que. Sei que esse é um disco muito do foda.

Aliás, o que define um disco bom?

Acho que falando com o Rafis esses tempos ele soltou uma frase interessante (que eu não lembro exatamente das palavras, mas era algo assim): "um disco bom é aquele que dá pra escutar até o fim. É raro ver um disco INTEIRO bom hoje em dia, mas quando aparece não dá pra parar de ouvir"

E sim, eu concordo. Muitos discos hoje em dia são num certo padrão, começando com cinco faixas realmente alucinantes, e depois decaindo a coisa para um ritmo mundano que fica então conhecido como "estilo da banda". A partir de então as bandas se ocupam em fazer discos nesse mesmo formato, com um ou dois hits realmente bons e outras músicas que servem de encheção de linguiça. Por isso que o Contraband apavora o Libertad. Não que o segundo seja um disco ruim, mas o primeiro é REALMENTE bom, de se escutar do começo ao fim sem pular nenhuma.

Porque, chegando na "Slither", meu amigo... a coisa vira prova do que eu estou falando. Sério, aquele riff faz o disco todo valer a pena. Confesso que o refrão não é dos melhores se ouvido assim, no seco. Mas depois que vi um ao vivo dos caras com um fudilhão de pessoas cantando junto, eu mudei de opinião descaradamente. Se Satã colocou o dedo em alguma do cd foi nessa e na minha favorita (suspense... hehehe). Sério, toda a estrutura dela é pra levantar qualquer um. É rock puro. E na sequência, "Dirty Little Thing" só emenda na mesma pegada de obliterar ouvidos. Só aquela entradinha ali, toda na sutileza, mostra o poder da banda. Fora que o embalo dela da ponte pro refrão é daqueles que te faz querer escutar a música cada vez mais. Aqui, enquanto escrevo o post, ela já repete pela 6ª vez e eu quase esqueço das outras músicas. E se o "Lado A" conta com todo aquele apoio fodão, o "Lado B" do disco é tão foda quanto. "Slither" e "Dirty Little Thing" são boas. Entre tão boas quanto, estão por exemplo "Superhuman" e "Headspace".
"Superhuman" tem um dos riffs mais grudentos do disco. Não é exatamente como as pancadas devastadoras de "Do It for the Kids", mas esse riff somado ao refrão cheio de "dorgas" e o contexto da letra fazem dessa mais uma das músicas legais. De "Headspace" eu já gosto mais e o timbre de guitarras dela é perfeito para o estilo da música. Sair de algo como "Fall to Pieces" e escutar "Headspace" é como comer um "petit gateau": partir de algo suave e leve pra algo quente e pesado. Mas o conjunto é bom (tanto o do "petit gateau" quanto  o das músicas... e me deu fome).
Fechando o trio apocalíptico, "Set Me Free" tem acho que o refrão mais legal do disco em matéria de letra. A música é toda cantada num timbre de voz que varia entre o grave falado e o agudo mais característico do Scott. Acho uma das mais legais do cd.

Mas não é minha favorita.
Ela desbanca todas.
Olha só:



Acho que é a melhor abertura de discos de todos os tempos. "Sucker Train Blues" é simplesmente boa demais. Se existia alguma música pra banda dizer "Oi, viemos derrubar sua casa com toneladas de rock 'n' roll =D" seria essa. E essa certamente tem dedos do Tinhoso. Ela tem peso perfeito, melodia perfeita, refrão na medida, solo com a duração certa... Só a letra é estranha, mas pra pirar com ela você não precisa de letra alguma.

Aliás, pra pirar com a banda meu conselho é simples: pegue os cds, baixe-os e coloque os fones no talo.
Enquanto a formação não encontra seu novo vocalista, o que se pode fazer com esses dois discos é curtir até estourar os tímpanos.
Outra cuspida ae em quem disse que não existe rock 'n' roll.
E vem mais por aí.

Abração