sábado, 11 de setembro de 2010

30 - Get Born - JET


Das várias bandas da levada dos anos 2000, muitas resolveram aparecer com um estilo cru e simplista de música. Eu comentei previamente que não curto ficar classificando os 435 tipos de rock; se é música e é bom é o que me importa. O resto é papo.
Mas o estilo dessas bandas do início de 2000, mais precisamente dos meados de 2002, foi classificado como Garage Rock. Bandas como The Strokes, The Hives e The Vines são exemplos desse estilo de música com guitarras sujas e vocais rasgados. Na real, eles são uma senhora cuspida na cara daquele povo que diz que não existe nada de bom pra se ouvir de 98 pra cá. "Is This It", "Veni, Vidi, Vicious" e "Winning Days" são respectivamente excelentes amostras do que essas bandas trouxeram pra música. E no meio delas também entra a JET.
Diferente da maioria das bandas que conheci através do doce despertar da minha televisão, eu fiquei sabendo que essa banda existia quando montei com alguns colegas de faculdade a primeira banda que quase deu certo. Um amigo nosso sugeriu uma música pra tocarmos e foi, óbvio, essa:



"Are You Gonna Be My Girl" tem uma pegada lazarenta. Acho ela uma música simples demais e foda demais. É soco na cara! É muito foda. E, porra, os vocais da banda merecem respeito; os caras mandam bem nos agudões, hehehe.
Apesar de eles terem lançado mais dois álbuns (um inclusive no ano passado) eu quis falar do Get Born porque ele é um album bom, mas do qual ninguém mais fala. E tem que ele me fisgou por esses últimos dias junto com o Lullabies to Paralyze (do QOTSA) e o Core (do Stone Temple Pilots).
Ele, como eu disse, pertence à essa leva de bandas boas recentes e esse álbum de estréia é o que eu mais gosto por ser o mais equilibrado dos três.

"Como assim, 'equilibrado'? O que ele tem de diferente dos outros?"

A banda faz bem tanto músicas pesadonas quanto baladinhas. Dos três álbuns eu sou da opinião de que o Get Born é o mais balanceado dos três discos. Tem praticamente o mesmo número de ambos os tipos de música. E todas elas são boas (ou quase todas).
Já o Shine On e o Shaka Rock são diferentes. O primeiro é mais baladinhas e o segundo é mais das pesadinhas (não mais tão pesadas assim...). Além disso, devido ao grande recesso da banda entre o segundo e terceiro discos e a perda de um dos integrantes, o estilo do Shaka Rock ficou um pouco diferente (apesar de ainda ser distinguível como um album da banda assim que se ouve).

Bom, e o que dizer do Get Born?
Pra começar, ali em cima eu já dei o alerta: ele é um álbum simples, mas de uma sonoridade muito singular.
Abrindo o disco temos uma espécie de dobradinha. "Last Chance" e "Are You Gonna Be My Girl" abrem o disco de forma rápida e pesada. "Last Chance" por sinal, começa praticamente do nada e se você não está pronto pra escutá-la de primeira ela chega a assustar. É um grito e já entra a banda inteira com aquele riff massa (que foi desgraçadamente utilizado em lugares estrambólicos como, por exemplo, aberturas de quadros do programa do Luciano Huck, mas enfim, a vida é assim mesmo). E então, quando a música está no finzinho dá pra ouvir uma meia lua sendo pega do chão e começando a que de longe é a melhor das rockonas do cd. Mas já falei dela ali em cima e não quero soar repetitivo demais.

Aprendi a gostar de "Rollover DJ", mas ainda acho que falta algo naquele refrão. Não sei bem dizer o que é...
"Get Me Outta Here" é quase um hadouken. Principalmente por ela vir depois de duas baladinhas, aquele riff ali do começo é chocante. Tem até um tecladinho no meio. E a batera parece mais empolgada nela.
Eu gosto de "Cold Hard Bitch" porque ela tem cara de música das antigas. Alguma coisa nela me lembra (lembra, não tô falando que é igual) um pouco o AC/DC ou o Creedence Clearwater Revival. Não sei se é a guita, o vocal, ou o conjunto da obra.
Melhor que ela, de longe, é "Take It or Leave It". Apostando em uma simplicidade ainda maior do que a própria "Are You Gonna Be My Girl", essa música é aquela pra escutar no talo e pular que nem um louco. Juro que se um dia eu ver um cover bem feito dessa música eu pago pau.

Eu curto "Lazy Gun" porque acho que ela foge um pouco do estilão do álbum (mas pra melhor). Ela tem aquele efeito bacana no riff. Acho aquilo lá hilário (junto com os backing vocals hehehe).

O disco vai além dessa. Já comentei na postagem que fiz sobre o disco do Audioslave: banda que se preza tem o DEVER MORAL de ter pelo menos UMA boa baladinha. Diante dos mais pôseres (que se dizem puristas) e que acham que isso é balela eu tenho três palavras: "Stairway to Heaven".

E falando dessas baladinhas, eu começo justamente com a "Lazy Gun", já que ela está quente. Quando disse que ela foge do estilo do disco é porque ela junta aquela guitarra bacana com cara de música fumadinha, com um refrão com a maior cara de baladinha do universo.
Eu acho o começo de "Radio Song" meio broxante, mas pelo menos a música melhora quando a bateria entra. Melhora muito. E a música fica realmente boa.
Acho "Look What You've Done" meio popzinha, mas ainda é uma baladinha excelente. E, novamente, quando a banda inteira entra, ela se torna de arrepiar.
Não vou falar muita coisa de "Timothy" porque apesar de gostar dela, acho que ela soa repetitiva.

"Hm, tá, já acabou?"

Não.
Pra mim a baladinha mais animal desse disco, que vale ser escutada centenas de dezenas de vezes é "Move On":



Na boa, ela tem mais feeling do que todas as baladinhas do disco juntas. Não tem falsetinho. Não tem fescurinha. Não tem levadinha pop, nem nada assim.
Ela é boa porque tem só o que precisa: voz boa, um violão, uma meia lua, uma gaitazinha e uma pusta de uma letra bem escrita.
Nessa versão ao vivo chega a me arrepiar os pêlos do pé quando o cara resolve mostrar pra que serve um gogó decente.
É muito boa.

Talvez a você tenha parecido que eu não curto muito os outros dois álbuns. Sendo honesto, acho todos os três muito diferentes entre si e, ao mesmo tempo, todos com o timbre único dos músicos. Acho o Shaka Rock o "menos bom" dos três, apesar de ele ter simbolizado um retorno que eu esperava há tempos.
Aliás, algo que tem me deixado contente é que muitas das bandas decentes que estavam adormecidas e/ou separadas voltaram à ativa de forma espetacular nos últimos tempos. Desde o Rage Against the Machine, passando pelo Queens of the Stone Age e os Strokes (que finalmente lançarão seu quarto disco).
Com retornos assim dá pra começar a voltar a crer na música, já que eu achei que entraríamos na "Dark Age" da música, com a porrada de lixo que tem aparecido e, infelizmente, ganhando público.

Mas meu blog não é pra críticas, e sim para bons comentários sobre o que eu acho que presta.
Em breve, mais um álbum de uma banda que voltou recentemente e que povoou minha semana com música boa. Pra quem não a conhecer será uma boa oportunidade hehehe.
Abraços

4 comentários:

  1. Nossa, gosto muito desse álbum. E Move On é S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L.

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  2. Pode crer.
    O pior é que só fui me tocar disso recentemente, quando por acaso me deu um surto de ouvir Jet de novo.
    Essa versão ao vivo é, de longe, uma das melhores músicas que já escutei!

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  3. Melhor banda da atualidade. Sem dúvidas.
    GET BORN é fantástico. E os outros dois álbuns da banda também não ficam atrás. Resumindo, JET é uma banda fantástica e deixa muitas bandas antigas e muito mais respeitadas no chinelo. FATO. Mas é só a minha opinião. HEHE

    Ah, o BLOG é muito bom, gostei mesmo. E gostei mais ainda desse texto. Está ÓTIMO. Disse tudo. Parabéns.

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  4. Obrigado pelo elogio ao blog; fico lisonjeado.

    Realmente o Get Born é um excelente disco.
    Da leva das bandas que citei acho ele o melhor disparado (mesmo gostando mais de Strokes do que deles).
    De cair o queixo!

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