quarta-feira, 20 de outubro de 2010

33 - Wolfmother (E mais um motivo pra cuspir na cara de quem disse que o rock morreu)


Sim, isso mesmo que você leu no título.
Manja aquele cara chato que faz uma cara marrenta toda a vez em que você fala de música hoje em dia?
Sabe aquele cara que anda todo o dia com a mesma maldita camiseta preta, calça preta, bota preta, cabelo ensebado preto, que bebe pra cacete e quer pagar de mauzão?
Enfim, conhece aquele poser filho de uma p$#@ que diz que não tem nada melhor que o Vol. 4 do Black Sabbath (que por sinal é um álbum excelente)?
Esse mesmo.

Então, manda ele escutar Wolfmother.
E se ele não gostar de nada mesmo, mata ele.
Assim ele vai se encontrar com os ídolos dele no inferno e é feliz...
(Hoje tô meio bruto, não?)

Mas toda essa história eu conto porque aconteceu com um cara que eu conheço bem: eu mesmo.
Tirando a parte de ficar de porre (porque eu simplesmente não fico bêbado - não consigo e não foi por falta de tentativa) e ter cabelo preto ensebado, eu já fui todo o resto.
Claro que não foi só o Wolfmother que mudou minha vida; muitas outras bandas entraram na parada (Audioslave, Foo Fighters, Strokes, Pearl Jam, Black Keys... enfim, uma porrada mesmo) e mudaram completamente meu mundo musical. Para muito melhor, eu diria.

E, como meio mundo, conheci a banda por causa desse clipe aqui:



A despeito de gostar de Jackass (e rir muito da burrice daquele bando de cuecas - só macho pra fazer essas merdas... hehehe), gostei da música na hora em que ouvi.
Mas sabe como é... Grana curta, sem internet... Demorou pra colocar as mãos no disco dos caras.
Depois de muita enrolação e procura (sim, foi difícil achar o cd por um preço decente - apesar de já ter, hã... escutado antes por aí...) eu comprei o disco e confesso que na época gostei muito.
Escutei até "furar" o desgraçado, de tão bom que era.

E bem, eu curto "Joker & The Thief". Aquele começo é (como citei há algumas postagens atrás) o começo perfeito. Toda uma introdução (meio longa, mas e daí) boa com os instrumentos aparecendo aos poucos pra que, no final, tudo vire um som puramente destruidor! E que som destruidor!
Antes de baixar e escutar o disco, era a que eu mais ouvia.
Mas ao comprar o disco, o grito de "Dimension" expressa bem o que eu senti. Só aquela abertura do disco é de matar. Bem pra mostrar ao que veio, a banda já começa com uma bicuda na cara. "Dimension" mostra quase de sopetão todo o potencial da banda. Aliás, QUE banda.
A primeira formação é de arrebentar qualquer trio que já vi. O Chris Ross é acho que um dos tecladistas com mais presença que eu já vi. O cara desossa e ainda consegue se sair bem no palco. O Stockdale é muito fodão também (e só - SÓ - cometeu a cagada de trocar o resto da banda, mas enfim...) e toca a guita dele como ninguém, além de ter personalidade vocal. Quase inigualável! E o Heskett é um dos bateras mais apavorantes que eu já escutei. O cara tem, além de um talento enorme, uma presença talvez ainda maior que a dos outros dois juntos!
Eita sonzeira!

Apesar de muita gente não concordar, "Where Eagles Have Been" é uma das que mais se aproxima de uma balada feita pelo Wolfmother no primeiro disco. A letra é muito boa, surpreendente tendo em vista a simplicidade da maioria das letras da banda que costumam repetir um ou dois versos em cada música. Mas aquele solinho no final... Rapaz... É demais! Se fosse apontar e dizer "isso é uma baladinha", contudo, eu apontaria pra "Mind's Eyes". A levada dela inteira é lentinha e até o Stockdale dá uma maneirada. Outra mais leve, mas que não chega a entrar no clima "baladinha" de ser, é "Tales". Aqui a letra também é boa, mas o ritmo muda um pouco. E acaba de um jeito meio estranho.
Mas são boas as três, com certeza.

Uma galera curte "Love Train", mas eu não vejo muita coisa nela. Acho a percussão muito boa e o baixo devastador (mais uma vez, ressaltando a cagada de deixarem o Ross e o Heskett saírem do trio). Aqui a guita tem pouco o que fazer. Sei lá. Parece que falar dessa música é pisar em ovos e prefiro me abster disso por enquanto.

Dá pra encontrar todas as influências da banda em "Witchcraft": desde RPG (sim, você leu certo) até todo o rock antigão. Cara, é só olhar pro riff dessa música... Pra música INTEIRA! É quase se estivesse ouvindo uma música do Led (mas sem os solos bizarros do Page) ou do Sabbath.
Aquela flautinha solando é hilária e tão sutil quanto aparece, ela se vai. Animal.

Deixo para o final as minhas duas músicas favoritas. A primeira me ganhou esses dias quando criei vergonha na cara pra escutar direito o disco. O violãozinho puxa "Vagabond" (uma música dessas carrega tudo o que eu sou só no título, hehehe) e dá pra se permitir fechar os olhos e curtir uma das músicas mais simples e, ao mesmo tempo, complexas da banda. Aqui o meu gostar vai desde a letra (ultra foda, por sinal), passando pelo riff, pelo teclado, pela batera... E pela melodia. Essa música é demais e pago demais pra ela, prontofalei.
E, óbvio:



"Woman" é, indiscutivelmente, a música mais foda do disco.
É soco na cara, rápido e certeiro. Puro rock and roll do começo ao fim. Toda simples também, aqui o lance é o solo conjuto da guitarra e do teclado. Na boa, é um dos solos mais criativos que já vi (e não vou falar do Tom Morello por aqui - todos sabem que ele é tipo o Macguyver dos solos bizarros e que ele faz som na guitarra até com refil de veneno pra mosquito...) e tem uma levada pesadona sem pausa. A música serve, tranquilo, pra "headbanguear" a vontade.
Muito foda.

Citei bastante o meu desgostar do Stockdale e todo o lance de ele montar uma banda completamente diferente pra produção e turnê do Cosmic Egg. Não que eu ache que o disco ficou ruim (não ficou), mas acho o primeiro disco um tanto quanto único e dotado de uma personalidade realmente forte. Os músicos (trio na época) deixaram ali bem impressas as suas identidades e é um cd bom de ouvir. Não cansa e varia bastante. Já o Cosmic Egg me pareceu um  tanto "constante demais". Mas sei lá; pode ser só besteira minha.
Entrementes, mostrem pra os pseudoconservadores do que o rock pós 2000 é capaz.
Quero ver atirarem uma pedrinha que seja.
Abração

4 comentários:

  1. Quando vc falou do cara que paga de mauzão, lembrei na hora de um priminho meu, gente boa ele, mas, é exatamente como vc descreveu. Só não o cabelo ensebado... hahaha

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  2. Em todo o lugar tem um desses...
    Prefiro nem lembrar de quando eu era assim ¬¬'

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  3. Eu sou destes tipos, cara mala e tal. Porém, não sou muito apegado aos clichês, e digo sem medo nenhum que gosto do que gosto, seja o que for. E quando eu escutei o Wolfmother pela primeira vez, no Flatout 2 (PS 2), eu tive uma surpresa. Aliás, grata surpresa: os riffs de Dimension e de Pyramid, as duas presentes no jogo, foram um tapa na cara de quem achava que, depois da década de 1980, nada mais poderia superar as suas expectativas. É uma banda madura em sua puberdade, algo muito raro na história da música.

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  4. "É uma banda madura na sua puberdade"

    Falou tudo, homem.

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